domingo, 14 de junho de 2009


Introdução

As técnicas e a ciência da meditação foram criadas pelos povos dravidianos na Índia Antiga, cerca de 15.000 anos atrás. Os Maha Yogues Rishis (grandes Mestres Yogues) foram aqueles que intuíram que, quando se faz um olhar interior de autoconhecimento, inicia-se um processo profundo de cessação das vibrações da mente e nesse cessar das ondas mentais há um desabrochar da consciência e seu corpo espiritual se expande, intensificando essa força espiritual por todos os níveis de seu ser e nos levando a estados mais elevados de consciência.

“Shivam Yoga Chitta Vritti Niroddhah”

Patañjali, 360 A.C., fez uma compilação de todo o Yoga até então existente na Índia, buscando, em uma obra em estilo de Sutra (aforismos sintéticos), sintetizar toda aquela ciência já muito difundida na época por toda a Índia de então.

O primeiro de seus Sutras “Atha Yoga Nushasanam” nos diz sobre ensimamentos. E quais seriam, então, esses ensinamentos? Por todo o livro há a descrição de técnicas e de comportamentos que levariam o Sadhaka (o discípulo) a atingir níveis de consciências mais sutis, até chegar ao Samadhi (estado de iluminação da consciência), no qual conhecedor e conhecido se fundem em uma única coisa ou ser.

Resumidamente, Patañjali aponta para oito passos que possibilitariam o praticante a se tornar um Yogue e atingir estados de Samadhi. Esses oito passos estão presentes nas técnicas do Shivam Yoga e são os seguintes, definidos no Sutra de número 29 do capítulo 2:

1) YAMAS - Comportamentos que o indivíduo deve ter para com tudo ao seu redor (não-violência, prática da verdade, não prejudicar nem invejar o outro, uso da energia sexual com consciência, busca da própria realização de forma harmoniosa).

2) NIYAMAS – Comportamentos que o indivíduo deve ter para consigo mesmo (práticas de purificações, prática do contentamento, disciplina, auto-estudo, auto-entrega).

3) ASANAS – Exercícios Psicofísicos

4) PRANAYAMAS - Exercícios de Respiração

5) PRATIAHARA – Domínio dos Sentidos

6) DHARANA – Concentração Mental

7) DHYANA - Meditação

8) SAMADHI – Iluminação da consciênciaÉ importante observar que esses oito passos descritos acima estão colocados em grau crescente de dificuldade. Isso significa dizer que, o domínio da prática da meditação pode ser atingido através da prática constante dos outros passos apresentados anteriormente.

A definição de Yoga, para nós do Sistema Shivam Yoga, pode ser também compreendida como Patañjali a entendeu: “Shivam Yoga Chitta Vritti Niroddhah”, ou seja, Shivam Yoga é a parada das ondas mentais, algo que nos leva a pensar em Dhyana, que poderia ser entendido como sendo “a parada das ondas mentais”.

Assim, fica claro que Dhyana se aproxima muito do objetivo maior do Shivam Yoga e também se aproxima da significação contida na raiz do Yoga Tradicional Indiano, ou seja, através da Meditação se chegaria a um nível muito profundo de domínio da mente, possibilitando a união do praticante consigo mesmo e com a sabedoria cósmica. E isto é Samadhi (a iluminação da consciência) para Patañjali, o último passo no caminho do Yoga.

Algumas técnicas de Dhyana - Meditação

1 – Meditação observando a mente

Sente-se em posição de meditação. Coloque uma música relaxante ou um raga indiano (música clássica indiana para sítar). Concentre-se inicialmente na música. Depois comece a observar sua mente. Observe a formação desse fluxo de pensamentos e imagens. Deixe os pensamentos chegarem à sua mente e dela saírem. Nos intervalos, volte a ouvir a música e a observar atentamente a sua mente. Vá, gradativamente, esvaziando sua mente até conseguir pequenas paradas das ondas mentais, entrando, assim, em estado de Dhyana, meditação.

2 – Meditação através de Pranayamas (exercícios de respiração):

2.1 - em Surya Bheda (respiração completa)

Sente-se em posição de meditação, mantenha a coluna ereta e a cabeça no prolongamento da coluna, olhos fechados, mãos em Jñana Mudra (polegar e indicador unidos pelas pontas). Inspire pelas narinas e expanda o abdômen e o tórax e expire também pelas narinas, relaxando o tórax e contraindo um pouco o abdômen. Leve toda a sua atenção para o processo de respiração, acompanhando a passagem do ar pelas vias respiratórias, sinta o ar chegando aos pulmões e deles saindo. Firme completamente sua atenção nesse processo, percebendo que a cada ciclo de inspiração e de expiração você aquieta-se mais e mais, interiorizando-se mais e mais, abstraindo-se dos sentidos e do mundo exterior e percebendo cada vez o seu mundo interior. Não tenha medo dessa viagem pelo seu mundo interno, deixe a mente esvaziar-se completamente, sinta o vazio da mente.

2.2 - em Bhastrika (respiração do sopro rápido)

Sente-se em posição de meditação, mantenha a coluna ereta e a cabeça no prolongamento da coluna, olhos fechados, mãos em Jñana Mudra (polegar e indicador unidos pelas pontas). Execute sucesssivas inspirações e expirações pelas narinas, procurando manter um ritmo médio ou rápido, lembrando-se que, ao inspirar, você deve expandir o abdômen e, ao expirar, relaxe e contraia o abdômen.

3 – Meditação em algum conceito abstrato

Nesse tipo de meditação, você deve voltar a sua consciência para algum conceito previamente escolhido, como, por exemplo, “poder”, “força”, “felicidade”, “amor”, “união”, etc.

4 – Meditação estático com emissão de sons

Nessa meditação, deve-se permanecer sentado, ou de pé, em uma posição estática e não realiza qualquer movimento, como, por exemplo, vocalizando algum Mantra (o Mantra “OM” é o mais conhecido).

5 – Meditação dinâmico com emissão de sons

Nesse tipo de meditação, pode-se fazer alguns movimentos corporais, como, por exemplo, contando de forma verbal os passos, ou andar mantralizando verbalmente os Mantras, ou dançando e verbalizando Mantras, ou gritando e gargalhando.


(Textro extraído do site http://vivabemvivazen.blogspot.com/, adaptado de textos e ensinamentos de Arnaldo de Almeida - Mentor do Sistema Shivam Yoga)

Um comentário:

  1. Oi Dami!

    Parabéns pelo Blog. Ficou bem legal e de fácil entendimento para nós leigos( rs). Queria que vc lesse o capítulo do livro comer, rezar e amar onde a autora conta da dificuldade dela de meditar e como ela conseguiu. Seria legal vc postar aqui também.

    Parabéns e sucesso Dami!

    BJus
    Karina

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